"Tive uma das melhores refeições da minha vida em Lisboa"
Cabe esta noite aos Bombay Bicycle Club encerrar as atuações no Palco Vodafone do Rock in Rio-Lisboa, trazendo a banda consigo as recentes canções do álbum So Long, See You Tomorrow (2014), editado no passado mês de fevereiro. Não será uma estreia em palcos portugueses, tendo passado por cá há sensivelmente três anos. E se na maioria das vezes a vida de digressão os impede de aproveitar os locais por onde atuam, Lisboa foi uma excepção à regra.
"Felizmente quando estivemos em Lisboa da última vez tivemos algum tempo livre antes e depois do concerto e, por isso, tirámos umas miniférias com alguns amigos de Londres. Alugámos um apartamento e passámos uns belos dias. Lembro-me especialmente de experimentar muito boa comida. Aliás, tive uma das melhores refeições da minha vida em Lisboa, num restaurante nada pretensioso, com ambiente familiar", recorda ao DN o baterista Suren de Saram.
A temática gastronómica não é alheia à história dos Bombay Bicycle Club, já que o seu nome foi inspirado numa cadeia de comida indiana estabelecida em Londres. Tinham apenas 15 anos quando se juntaram para formar uma banda, mas até lançarem o primeiro álbum, I Had the Blues But I Shook Them Loose (2009), passaram quatro anos. Uma decisão consciente por parte dos seus membros, já que não lhes faltaram oportunidades para se lançarem mais cedo, como conta o músico. "Nos primeiros anos da banda não levávamos a coisa muito a sério. Nem dávamos muitos concertos. Mas quando fizemos 16 anos o Jamie [MacColl, guitarrista] inscreveu-nos num concurso e fomos tocar ao V Festival. Depois disso gerou-se algum interesse por parte de editoras, mas tomámos a decisão consciente entre nós que não iríamos assinar logo um contrato, queríamos acabar a escola e só depois é que decidíamos algo nesse sentido. Acho que funcionou em nosso proveito, porque é habitual vermos bandas que geram uma grande excitação e, por se apressarem, não conseguem corresponder às expectativas criadas por essa atenção."
Ainda assim, no ano em que lançaram o seu álbum de estreia os Bombay Bicycle Club foram premiados pelo NME como a Melhor Banda Revelação. A sua evolução foi sendo gradual e, desde então, já lançaram quatro álbuns, o último dos quais explora de forma mais vincada as texturas eletrónicas, estando muito focado no trabalho com samples, habitando ainda referências da música indiana. Este é também o primeiro disco do grupo produzido por um dos seus membros, o vocalista Jack Steadman, o que para Suren de Saram teve uma influência grande no resultado final. "Acho que este é capaz de ser o álbum que melhor capta o nosso som porque não tivemos um intermediário no processo. Quando se trabalha com um produtor de fora, normalmente ele quer que a banda soe da forma certa, que utilize os microfones certos em estúdio, tem de estar tudo no ponto. Desta vez foi tudo mais descontraído e direto, se tínhamos uma ideia para uma canção, começávamos logo a gravar, sem pressões. Já os outros discos não soam exatamente ao que nós imaginávamos que eles iriam soar porque quando trabalhámos com um produtor nem sempre conseguíamos comunicar bem o que pretendíamos."
Sendo So Long, See You Tomorrow um disco tão focado na utilização das texturas eletrónicas e dos samples na construção das canções, isso faz com que seja um desafio maior transportá-las para um palco, como acontecerá hoje no Rock in Rio-Lisboa. "Mal acabámos de gravar passámos muito tempo em estúdio a tentar perceber como é que as iríamos tocar ao vivo. Ao início estávamos obcecados em recriar as canções tal e qual elas estão no álbum, mas rapidamente percebemos que isso seria impossível, por isso tivemos de fazer alguns compromissos. Mas vamos ter dois músicos fora da banda a tocar connosco, um nos teclados e samples e uma cantora nos coros", esclareceu o baterista.
Os Bombay Bicycle Club vão encerrar o Palco Vodafone às 20.00. Antes vão passar por este espaço os portugueses Linda Martini (18.00) e os Vira Casaca (16.45).